segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ABSOLUTISMO

Entendemos por absolutismo o regime político que se caracteriza pela suprema autoridade do Estado e pela concentração de poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) nas mãos do rei que exerce o poder sem restrição legal.
Esse regime predominou na maioria dos países europeus entre os séculos XVI e XVIII.  
Foi de fundamental importância para a concentração do poder real a aliança entre o rei e a burguesia. Apoiados no capital da burguesia, os reis puderam formar exércitos mercenários e assim, fortalecer seu poder pessoal.
O rei implanta uma política tributária. Recebe impostos da burguesia.  As terras descobertas pertencerão ao rei. 
A situação financeira do Estado influenciou o surgimento de uma política de emissão monetária e houve a substituição das moedas locais que os senhores feudais cunhavam pela moeda real. 
A burguesia exigiu: a padronização monetária, dos pesos e medidas; adoção de mecanismos protecionistas, garantindo a expansão das atividades comerciais; a adoção de incentivos comerciais; criação de Companhias  de Comércio; imposição dos monopólios.
No Estado absolutista, a sociedade estava organizada em três ordens sociais ou estado: a) Primeiro Estado, composto pelo clero. b) Segundo Estado, composto pela nobreza.  c) Terceiro Estado, composto pela burguesia e pelo povo em geral.
Características Básicas do Absolutismo: Povo é considerado súdito, ou seja, possui apenas deveres. Havia a intervenção do Estado na economia.
 Durante a Idade Média, o poder estava dividido em três esferas: poder local, exercido pela nobreza medieval; poder nacional,  exercido pela Monarquia; poder universal exercido pelo Papa
O fim do poder papal medieval permitiu aos reis o controle das Igrejas nacionais e o recebimento das rendas eclesiásticas. Os tribunais do Papado (que controlavam a disciplina eclesiástica) e tribunais locais (controlados pelo senhor  feudal) foram substituídos pelos tribunais reais, possuidores do poder judicial.
Controle do Legislativo: Todas as decisões do reino estavam controladas diretamente pelo rei, que possuía o direito de criar as leis. Rex Lex – o rei é a lei
 Burocracia Estatal: corpo de funcionários que auxilia na administração das obras públicas com o objetivo do fortalecimento o controle do Estado e do poder real.

Pensadores criaram argumentos e teorias para explicar e justificar o Absolutismo.
Nicolau Maquiavel (1469-1525). - Maquiavel foi um diplomata e historiador italiano.  É sem dúvida o mais famoso e o mais infame dos filósofos políticos da Renascença Italiana. Principal obra: “O Príncipe”, na qual defendia que o monarca deveria utilizar qualquer meio – lícito ou não – para manter o controle do seu reino.
A frase que resume suas idéias é: “Os fins justificam os meios”.
Síntese da Obra - É um manual cuja finalidade é dar conselhos de como conseguir e manter o poder. Quem Deseja Conquistar e Manter o Poder -   É fundamental/imprescindível  ter VIRTU!!!  Virtu   é   o   Deus  da  Guerra  em  Roma, cujas “qualidades” são:  ser inteligente, violento, imprevisível etc.
É mais fácil conseguir ou manter o poder? Conseguir! Manter é que é o difícil. Conselhos Para Conseguir o Poder: Entrar  para  o   meio   político,   fazer   amigos conseguindo apoio  e   financiamento  e   firmar alianças.
Conselhos para manter o poder: Matar a todos que te ajudaram e matar  todos de uma só vez.         
 Ter bons conselheiros, mas decidir sozinho. Dar a palavra, mas só manter se ela o beneficiar;  Dividir para governar, semeando a discórdia  entre os  grandes   com  o  objetivo  de enfraquecê-los; A força é justa, quando necessária.  Sejam quais forem os meios necessários para capacitá-la a cumprir essa obrigação, não deve o príncipe hesitar em adotá-los. Cínico no modo como encarava a natureza humana, Maquiavel afirmava que todos os homens são movidos exclusivamente por interesses egoístas e pela ambição de poder pessoal e prosperidade material. Segundo ele, a natureza humana é corruptível e, por isso, a razão humana é sempre uma razão pragmática, utilitarista e calculista. Por isso, o ser humano é capaz de se corromper sempre que os desejos se sobrepõem. Portanto, o chefe de Estado nunca deverá fiar-se na lealdade ou na afeição dos seus súditos. Ele deve supor que todos os homens são potencialmente seus rivais e, por isso, deve tratar de lançá-los uns contra os outros, em proveito próprio.
Thomas Hobbes (1588-1679) Foi um matemático e filósofo inglês. O homem em seu estado de natureza é egoísta. Este egoísmo gera prejuízos para todos. Procurando a sociabilidade, os homens estabelecem um pacto: abdicar de seus direitos em favor do soberano, que passa a ter o poder absoluto.  Hobbes admite é a existência do pacto social.
Criou a obra Leviatã.  A frase que resume suas idéias é: O homem é o lobo do homem;
Jean Bodin(1530-1596)foi um jurista francês. Além de preocupar-se com questões de ordem política, Bodin também era um famoso perseguidor das manifestações heréticas de sua época. Sua ação contra valores religiosos considerados anticristãos acabou deixando-o conhecido como “procurador do Diabo”.
Segundo o próprio autor, “todas as leis da natureza nos guiam para a monarquia; seja observando esse pequeno mundo que é nosso corpo, seja observando esse grande mundo, que tem um soberano Deus; seja observando o céu, que tem um só Sol”. Por isso, esse teórico absolutista será considerado um dos defensores do “direito divino dos reis.
Considerava o poder do monarca como absoluto e de origem divina.  O poder soberano só existe quando o povo se despoja do seu poder soberano e o transfere inteiramente ao governante. O poder conferido ao soberano é o reflexo do poder divino, e, assim, os súditos devem obediência ao rei.
Jacques Bossuet(1627-1704) foi um bispo e teólogo francês. Defensor da teoria da origem divina do poder real, ou seja, para ele, os reis só prestavam satisfação de seus atos ao Criador. Fez parte da corte do rei Luís XIV e defendeu perseguições contra oponentes do monarca. Chegou ao extremo de definir como herético qualquer um que tivesse opinião própria. Obra principal: "A Política tirada da Sagrada Escritura na qual criou o argumento que o governo era divino e os reis recebiam o seu poder de Deus. Assim, desobedecer a autoridade real seria considerado um pecado mortal.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

DEMOCRACIA

Democracia vem da palavra grega “demos” que significa povo. Nas democracias, é o povo quem detém o poder soberano sobre o poder legislativo e o executivo. É um regime de governo onde o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo). Democracia é o governo do povo para o povo”.
Tipos de Democracias – a)  Democracia  Direta  onde o povo expressa sua vontade por voto direto em cada assunto particular, e b) Democracia Representativa (algumas vezes chamada "democracia indireta"), onde o povo expressa sua vontade através da eleição de representantes que tomam decisões em nome daqueles que os elegeram.
A democracia direta se tornou cada vez mais difícil quando o número de cidadãos cresce.
Obrigatoriedade do voto - Em alguns países, o voto não é um direito, e sim uma obrigação.
A prática do voto obrigatório remonta à Grécia Antiga quando o legislador Sólon fez aprovar uma lei específica obrigando os cidadãos a escolher um dos partidos, caso não quisessem perder seus direitos de cidadãos.
No Brasil, o voto é obrigatório para cidadãos entre 18 e 65 anos, e opcional para cidadãos de 16, 17 ou acima de 65 anos. Críticos dessa lei argumentam que ela facilita a criação de currais eleitorais, onde eleitores de baixo nível educacional e social são facilmente corrompidos por políticos de maior poder financeiro, que usam técnicas de marketing (quando não dinheiro vivo ou favores diretos) para cooptá-los. Ainda de acordo com os críticos, o voto obrigatório é uma distorção: o voto é um direito, e a população não pode ser coagida a exercê-lo.
Governo da Maioria, Direito da Maioria  -  Governo da maioria é um meio para organizar o governo e decidir sobre assuntos públicos. Nenhuma maioria deve tirar os direitos e as liberdades fundamentais de um grupo minoritário ou de um indivíduo.
As minorias — seja devido à sua origem étnica, convicção religiosa, localização geográfica, nível de renda ou simplesmente por ter perdido as eleições ou o debate político — desfrutam de direitos humanos fundamentais garantidos que nenhum governo e nenhuma maioria, eleita ou não, podem tirar.
  As minorias devem acreditar que o governo vai proteger os seus direitos e a sua identidade própria. .
Entre os direitos humanos fundamentais que qualquer governo democrático deve proteger estão a liberdade de expressão; a liberdade de religião e de crença; julgamento justo e igual proteção legal; e liberdade de organizar, denunciar, discordar e participar plenamente na vida pública da sua sociedade.
 Através do processo democrático de tolerância, debate e disposição para negociar é que as sociedades livres podem chegar a acordos que abranjam os pilares gêmeos do governo da maioria e dos direitos das minorias.
Partidos Políticos - são organizações voluntárias que ligam as pessoas a seu governo. Os partidos recrutam candidatos e fazem campanha para os elegerem a cargos públicos e mobilizam as pessoas para participarem na escolha dos governantes.
 O partido da maioria procura decretar leis sobre muitas políticas e programas diferentes. Os partidos de oposição são livres para criticar as idéias políticas do partido da maioria e apresentam as suas próprias propostas.
 Como qualquer democracia, os membros dos vários partidos políticos refletem a diversidade de culturas de onde provêm. Alguns são pequenos e construídos em torno de um conjunto de convicções políticas. Outros são organizados em torno de interesses econômicos ou de uma história comum. Outros ainda são alianças livres de vários cidadãos que podem juntar-se apenas em período eleitoral.
 Os partidos que perdem as eleições passam para a oposição — confiantes que o sistema político continuará a proteger o direito de organizar e denunciar. Eventualmente, o seu partido terá a oportunidade de fazer campanha novamente pelos seus ideais e pelos votos do povo.
 Responsabilidade dos cidadãos - Os cidadãos nas democracias devem concordar em seguir as regras e os deveres pelos quais se regem. As democracias garantem muitas liberdades aos seus cidadãos incluindo a liberdade de discordar e de criticar o governo.
A cidadania numa democracia exige participação, civismo e mesmo paciência.
 Os cidadãos democráticos reconhecem que não têm apenas direitos, têm também deveres.
Deveres: ser membros do júri, cumprir o serviço militar ou cívico obrigatório; respeito pela lei; pagar os seus impostos, aceitar a autoridade do governo eleito e respeitar os direitos dos que têm pontos de vista diferentes.
Para que a democracia seja bem sucedida os cidadãos têm que ser ativos, não passivos, porque sabem que o sucesso ou o fracasso do governo é responsabilidade sua e de mais ninguém. Por seu lado, o governo entende que todos os cidadãos devem ser tratados de modo igual e que não há lugar para a corrupção num governo democrático.
Num sistema democrático as pessoas que não estão satisfeitas com os seus líderes são livres para se organizarem e apoiarem pacificamente a mudança — ou tentar votar contra esses líderes em novas eleições no período próprio.
Os cidadãos numa democracia podem aderir a partidos políticos e fazer campanha pelos candidatos que preferirem.
 São livres para se candidatarem ou servirem como dirigentes públicos nomeados durante algum tempo.
Utilizam uma imprensa livre para falar com franqueza sobre questões locais e nacionais.
Aderem a sindicatos, grupos comunitários e associações empresariais.
Imprensa livre - Numa democracia, a imprensa não deve ser controlada pelo governo.
Uma imprensa livre informa o público, responsabiliza os dirigentes e proporciona um fórum para o debate das questões locais e nacionais.
Para que o público confie na imprensa, os jornalistas devem relatar fatos com base em fontes e informações fidedignas.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

STEVE JOBS, TRANSCENDÊNCIA E IMANÊNCIA

Nas últimas horas fui surpreendido com a emoção que a morte de Steve Jobs causou em mim. Nunca o conheci pessoalmente. Em 2001 estive na conferência Macworld, em Nova Iorque, pouco antes dos ataques de 11 de setembro, e tive a oportunidade de presenciar o seu brilho enquanto Steve fazia o que mais gostava de fazer: apresentar ao mundo uma nova invenção, na qual havia investido inúmeras horas e quantidades inestimáveis de energia. Seu amor pela Apple e pelos produtos que criou, junto com a sua equipe, transparecia claramente. Não havia nada de forçado ou falso em sua apresentação, e era óbvio que ele realmente acreditava que as suas inovações tecnológicas representavam não apenas uma revolução na indústria, mas uma contribuição importante para a nossa civilização, mudando o nosso jeito de trabalhar, divertir e relacionar.

Transcendência

Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.
~ Eclesiastes 3.11
Quem já assistiu ao excelente Pirates of Silicon Valley (Piratas do Vale do Silício) conhece um pouco da jornada de Steve. Há algumas cenas no filme que demonstram o desejo que o Steve tinha pela transcendência, a sua busca por algo além da nossa realidade. Esse desejo levou Steve, na sua juventude, a buscar respostas em lugares não convencionais. Viajou bastante com diversas drogas e passeou na Índia, flertando com o misticismo Hindu e aterrissando enfim no Budismo, religião que – aparentemente – seguiu até a sua morte. Talvez esse desejo de atravessar o espelho e descobrir o que havia do outro lado, de trazer idéias para o nosso lado que fossem mágicas e que não se comportassem às nossas noções do que era possível ou permissível, tenha sido o que o levou a descartar os limites que o cercavam no mundo da tecnologia e a pensar de forma diferente.

Foi esse o tema da campanha Think Different que a Apple lançou em 1997, logo após a volta de Steve à Apple:
Essa é uma homenagem aos loucos. Aos desajustados. Aos rebeldes. Aos criadores de caso. Às peças redondas nos buracos quadrados. Aos que vêem as coisas de forma diferente. Eles não gostam de regras. E eles não têm nenhum respeito pelo status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou difamá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Eles impulsionam a raça humana. Enquanto alguns os vêem como loucos, nós reconhecemos o seu brilho. Porque as pessoas que são loucas ao ponto de pensar que podem mudar o mundo, são as que de fato, o mudam.
Não há dúvida que Steve tenha conseguido isso. Sua liderança na Apple, na NeXT e na Pixar alavancaram inovações em múltiplas indústrias. Foi pioneiro no cinema digital, produzindo obras primas como Toy Story e A Bug's Life (Vida de Inseto) quando o resto da indústria pensava ser impossível atingir esse nível de sofisticação, e conseguiu fazê-lo com roteiros interessantes e atores cativantes. Transformou o computador de uma caixa cinza chata e barulhenta em uma obra de arte, desde o primeiro iMac até o atual MacBook Air, façanha que seus concorrentes até hoje tentam copiar. Mudou o nosso modo de interagir com a tecnologia, distilando idéias "apropriadas" da Xerox para criar a interface gráfica de janelas e menus, popularizando o mouse como instrumento de controle, revolucionando novamente a interfáce gráfica com o Mac OS X (que continua a influenciar profundamente o Windows) e por uma terceira vez, com o iOS. Sacudiu a indústria musical com o iPod e o iTunes, transformando a Apple na maior vendedora de música do mundo e possibilitando que carregássemos as nossas audiotecas completas no bolso. Revolucionou o conceito de smart phone com o iPhone, de maneira tal que os smart phones que o antecederam ficaram com aparência de asno. E no fim, conseguiu fazer o que o resto da indústria de informática tentava há mais de uma década: introduzir o tablet na sociedade de uma forma tão profunda que já faz parte integral das vidas de muitos.

Imanência


Se o desiderium aeternitatis (o anseio pela eternidade) estava claramente presente na vida de Steve, sua jornada aparentemente nunca o levou a reconhecer Aquele que é transcendente, ou a conhecer a Sua imanência. Isso dá uma dimensão ainda mais grave à sua morte, pois nem o brilho que demonstrou, nem as riquezas que gerou, nem a beleza dos produtos que criou, o seguirão no próximo passo de sua jornada. E isso faz parte da minha tristeza nesse momento, ao refletir sobre uma vida cheia de promessa e potencial, brilho e bonança, criatividade e convicção, sucesso e…

Esse ser humano, feito na imagem de Deus, verdadeira obra de arte divina, que expressava a criatividade e beleza do Criador naquilo que produzia, e cuja morte deixa a nossa civilização empobrecida em arte e visão, muito provavelmente morreu sem salvação.

Mais do que qualquer dor que possa sentir por ter admirado o homem há quase 25 anos, mais do que o sentimento de ter perdido alguém que mudou muitos aspectos práticos da minha vida e que possibilitou muitas etapas de minha carreira, mais do que a tragédia do potencial perdido por causa de uma doença silenciosa, porém mortal, que também afeta a minha família, é isso o que me entristece: Steve Jobs, quase certamente, morreu sem conhecer a Jesus como seu Redentor e Senhor.

É importante reconhecer o brilho do homem, e de onde veio. É louvável entristecermo-nos com a perda para a nossa civilização e sociedade. Mas é essencial compreendermos que nessa vida, não há nem Undo, nem Restart. As decisões que tomamos aqui são o que determinam o nosso destino eterno, e o único caminho para a vida eterna é através de Jesus Cristo:
E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação.
~ Hebreus 9.27
Nossas orações estão com a família de Steve, e nosso desejo é que eles possam conhecer Aquele que é Transcendente, Imanente, Amor, Bondade, Justiça e Verdade.

PSD - O VELHO PARTIDO

O PSD, afinal, existe e está apto a disputar as eleições municipais do próximo ano. É aqui na Bahia onde, em termos relativos, ele nasce mais forte, com uma liderança experiente, o vice-governador Otto Alencar, criado e formado na escola política de ACM. Entre os dois fatos, o partido e a escola política, poderia nada haver que estabelecesse um fator de união, algo que marcasse a nova legenda. Mas existe. E muito.

Nada a se comparar com o DEM, herdeiro do PFL, que, por sua vez, era filho do PDS da ditadura, que antes foi Arena no sistema bipartidário ditatorial e, lá atrás, antes do golpe de 1964, o avozinho ou bisavô, era UDN – União Democrática Nacional – sob as regras da Constituição de 1964. A UDN foi criada para conspirar. Assim posto, num processo de regressão, o gene do PSD que surge pode estar lá, na velha, quase esquecida UDN, berço de ACM e de muitos outros políticos de importância na época, dentre eles o maior conspirador, o mais poderoso em essência, Carlos Lacerda, chamado “O Corvo”, que sonhou antecipar, derrubando Getúlio Vargas – (que ao morrer, com uma bala desferida no peito, abortou o sonho) – o golpe que viria acontecer em 1964, dez anos depois da morte de Vargas.
 
Está complicado, Otto Alencar? Claro, um pouco, reconheço. A história exige paciência para ser compreendida, mesmo assim muitas vezes não se consegue entendê-la bem. O PSD vem de lá, dos meados do século passado. Depois, tomou, de forma invisível, o lugar da Arena-PDS-PFL que, praticamente, se evaporou na grande diáspora que surpreendeu (mas nem tanto) com a morte de ACM somada à vitória de Jaques Wagner que detonou, pela fadiga, o grande ciclo carlista de poder.
 
Quem tiver memória razoável provavelmente lembra-se da fotografia estampada na mídia baiana e nacional, na noite da apuração que determinou a derrota de Paulo Souto. No caso, não foi a vitória de Wagner; foi a derrota mesmo. Numa cadeira, no Palácio de Ondina, ACM foi fotografado em profunda tristeza, pernas abertas a olhar, entre elas, o chão. Ali estava o chão e seu e seu significado: o fim. Havia acabado tudo. Ponto final numa longa carreira de mando na Bahia.
 
Pouco a pouco os carlistas, antes tão fiéis, na verdade fidelidade alimentada pelo medo, sem esperar o período de luto, foram desaparecendo, desaparecendo e...sumiram! Foram-se praticamente todos, senão todos. Ficou apenas parte da família, representada pelo deputado ACM Neto, porque até Paulo Magalhães, eleito sempre com os votos de Luís Eduardo Magalhães, pulou fora. Espalharam-se todos pelas demais legendas. Agora, o susto: o maior herdeiro deles, pelo processo de gravidade que o poder exerce para alimentar o adesismo, foi, queira ele ou não, o governador Jaques Wagner.
 
Para juntar a sua tropa, ACM levou 40 anos. Antes de começar, foi mimado pelo Juracisismo, pelos coronéis, pelas oligarquias baianas que ele herdou. Já Wagner, não. Encontrou o formigueiro, ou cupinzeiro, desfeito e espalhado, sem rumo. No início, ficaram assim envergonhados, mas, pouco a pouco, foram se chegando. Agora estão eles à sombra do poder, à sombra do governo, não à sombra de Jaques Wagner. Estão de passagem, depois mudam. Porque a política é assim mesmo: não tem caráter. Macunaímica e brasileirissimamente, é sem vergonha por essência. E daí? E o PSD de Otto com tudo isso? Tudo, meus caros leitores, tudo. O PSD é forte na Bahia porque atraiu as mariposas que estavam em busca da luz. Juntou os cacos em forma de políticos, que não primam por honrar princípios, ideologias, pensamentos, posturas, princípios, enfim. Assim será até as eleições de 2014.
 
O partido sai. Na largada, com 11 deputados estaduais, mas, quando chegar o momento de disputar o voto após uma campanha, estarão em outros ninhos porque difícil crer que o PSD fará uma bancada com dimensão igual ao número de abrigados sob o seu guarda-chuva de agora. Pronto, vou terminar. O PSD é um partido oco. Os demais também são. Mas é mulato na cor (como na música). Enfim, uma mistura étnica que começa na UDB do “Corvo” Carlos Lacerda. O PSD passa pela Arena, PDS, PFL, pula o DEM e chega no que imagina ser o novo. Não. Definitivamente não é. O seu berço é oligárquico.

*Coluna de Samuel Celestino publicada no jornal A Tarde deste domingo (9).

terça-feira, 4 de outubro de 2011

ANALFABETO POLÍTICO

O Analfabeto Político
Bertolt Brecht
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Hoje é um tempo para mudanças...

Hoje é um tempo para mudanças...
TUDO tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo
  • o propósito debaixo do céu. Ecl. 3:1 Hoje seguramente é tempo de elogiar e abraçar, beijar mais do que fazer cobranças.
  • Hoje é tempo de abrir a boca e pedir perdão por não ter reconhecido a nossa falta de tempo a mais tempo.
  • Hoje é tempo de sair para jantar fora, É tempo de namorar a esposa(o) conversar, relembrar e sonhar, sonhar muito porem não se esquecendo que o nosso futuro a Deus pertence.
Hoje é tempo também de perdoar pequenas ou grandes falhas.
Nunca está fora do tempo a descoberta que somos humanos, que somos frágeis, meras porcelanas que podem a qualquer momento se quebrar

ANOTAÇÕES DA HISTÓRIA - BRASIL

- A transferência da corte portuguesa para o Brasil, em 1808, alterou as relações econômicas da colônia com a economia mundial porque rompeu o Pacto colonial, com a abertura dos portos. Ela beneficiou principalmente a Inglaterra, que passou a ter, no mercado da colônia privilégios alfandegários especiais, fato que colocou o Brasil na sua total dependência econômica.
- O Período Joanino acelerou o processo de independência do Brasil à medida que transferiu para o Brasil o centro das decisões políticas que eliminou o estado colonial (reino unido de Portugal e Algarves) devido a permanência da Corte portuguesa no Brasil.
- Os Tratados de Comércio e Navegação de 1810 beneficiava os comerciantes ingleses com um imposto alfandegário de apenas 15%, sobre seus produtos que entravam no país, enquanto que um produto português pagava 16% e de outro país, 24%.  Muitos produtos ingleses passaram a ser comercializados no Brasil. Eles foram passos importantes para a nossa independência de Portugal e o inicio da nossa dependência em relação à Inglaterra. Portanto, na 1ª metade do século XIX, a economia brasileira apresentou como uma de suas características uma grande dependência em relação à Inglaterra, que era a potencia economicamente dominante.
- A Revolução do Porto aconteceu em Portugal destruiu o Absolutismo em Portugal. Os revolucionários ordenou a volta de D. João VI e tentou recolonizar o Brasil.
Independência – Não foi um fato histórico isolado, mas estava ligada a conjuntura americana (independência da América espanhola). De um lado havia as ambições políticas de D. Pedro ao lado dos interesses dos dois grupos mais fortes da época naquele momento: a aristocracia rural, que desejava uma transição com ordem e temia perder o poder e autonomia e a liberdade de comércio conquistada, e os ingleses, que visavam os lucros que as relações comerciais com o Brasil prometiam.
 A independência do Brasil implicou na adoção da forma monárquica de governo e preservou os interesses básicos dos proprietários de terras e escravos. Ela foi essencialmente política, pois manteve a estrutura escravista da época colonial e a dependência econômica. Ela favoreceu a aristocracia rural que manteve as estruturas que determinavam seus privilégios.
- Forma de Governo: nos países da América espanhola adotaram a República, o Brasil a Monarquia. A principal diferença entre eles refere-se ao exercício do poder. Na Monarquia, o poder concentra-se nas mãos de um rei e é transmitido de forma hereditária. Na República é o presidente (ou primeiro-ministro) quem governa e sua escolha é feita mediante uma eleição, definindo-se um período fixo para o mandato. Na monarquia, os habitantes são considerados súditos do rei, na República, cidadãos.
- O 1º país a reconhecer a nossa independência foi os EUA, graças a Doutrina Monroe (
A América para os americanos) pela qual os americanos condenavam a intervenção européia na América. A Inglaterra para reconhecer a nossa independência exigiu a renovação dos tratados de 1810, por mais 15 anos.  Isso trouxe como resultado um constante déficit brasileiro, obrigando o país a recorrer a sucessivos empréstimos, além de inviabilizar o desenvolvimento da produção industrial.
- Em novembro de 1823, D. Pedro fechou a Assembléia Constituinte, já que um grupo defendia uma monarquia constitucional sobre o controle do legislativo, ou seja, iria limitar seu poder. Em março do ano seguinte, outorgou uma Carta Constitucional à nação. Os liberais protestaram devido ao fato de o imperador haver desrespeitado a representação dos cidadãos, na figura dos deputados constituintes.
- A Constituição de 1824 possuía 4 poderes (executivo, legislativo, judiciário e moderador) sob controle do imperador. Era elitista (censitária). Senado vitalício.
- A introdução do poder Moderador, inspirado em filósofos políticos franceses, na Constituição de 1824, que regeu a o destino do Império, significou, na verdade, uma centralização do poder monárquico, ao qual ficavam subordinados os demais poderes. O voto era limitado a uma minoria, pois era censitário e indireto.
- Dentre as diversas revoltas e insurreições que antecederam a abdicação de D. Pedro I em 1831, um foi especialmente importante pelos ideais republicanos de seus líderes, entre os quais Frei Caneca. Outra característica desse movimento teria sido a proclamação da República em 1824 em Pernambuco, com a adoção da Constituição da Colômbia. Pregavam a igualdade, mas defendia a manutenção da escravidão. Teve como causas: a frustração dos liberais diante da dissolução da Constituinte, a imposição da Constituição de 1824, agravada pela nomeação de Paes Barreto à presidência de Pernambuco. O movimento foi duramente reprimido e Frei Caneca condenado à morte e fuzilado. Esse movimento ficou conhecido como Confederação do Equador.
 - Guerra da Cisplatina – O Uruguai era uma antiga região colonial espanhola. Quando D. João VI veio para o Brasil, ordenou a ocupação militar do Uruguai. Depois da independência do Brasil, o Uruguai continuou pertencendo ao Brasil, agora com o nome de Província Cisplatina. Os patriotas uruguaios iniciaram uma luta para a independência. A Argentina entra em cena e deseja incorporar o território uruguaio. No final, o povo uruguaio, auxiliado pelos ingleses, conquistou a independência. A derrota do Brasil aumentou a insatisfação da população contra D. Pedro I.
- O governo de D. Pedro I foi muito autoritário. Perseguiu os opositores, mandando prender, torturar e até matar. Fechou jornais, proibiu manifestações publicas. Impôs a Constituição de 1824 e reprimiu com violência a Confederação do Equador.
- O autoritarismo do imperador, a crise econômica (baixas exportações, inflação, dívida externa, quebra do Banco do Brasil), a derrota na Guerra da Cisplatina; o envolvimento exagerado na questão da sucessão do trono português; a nomeação de ministros do partido português; o assassinato do jornalista Libero Badaró.
- A abdicação do imperador Pedro I representou a culminância dos diferentes problemas que caracterizam o 1º Reinado, como o conflito com a aristocracia rural pelo controle do país, o governo centralizado e com tendências despóticas de D. Pedro I; os gastos com a guerra da Cisplatina e a questão sucessória de Portugal.
- A Noite das Garrafadas foi o conflito entre os opositores brasileiros e os partidários de D. Pedro em março de 1831, nas ruas do Rio de Janeiro, denunciando a impopularidade do imperador.
- No dia 7 de abril de 1831, D. Pedro I abdicou ao trono brasileiro em favor de seu filho menor, D.Pedro de Alcântara.
- As elites políticas que estimularam a mobilização das massas para exigir a abdicação de D. Pedro I, em caráter de emergência, formaram a Regência Trina Provisória, pois os deputados estavam em férias e se temia a agitação popular. Só mais tarde, instituíram a Regência Trina Permanente.
- Foi no período regencial que nasceram os primeiros partidos políticos brasileiros: o Partido dos Exaltados, o Partido dos Moderados (defendia: a defesa da ordem vigente e o respeito às autoridades constituídas; propunham reformas graduais, continuação da Monarquia e do voto censitário, manutenção da economia agroexportadora e escravista) e o Partido Restaurador (queria a volta de D. Pedro). Os moderados acabaram se dividindo em dois novos partidos: os Progressistas ou Partido Liberal (defendia o regime republicano, a libertação econômica do Brasil com relação à Inglaterra; certa autonomia para as províncias e eram contra o voto censitário e a favor do voto universal) e os Regressistas ou Partido Conservador, que manobraram a política brasileira até a proclamação da República.
- Com o ato adicional de 1834, a Regência Trina Permanente deu lugar a Regência Una. Ele buscou conciliar as diversas facções políticas, amenizando os conflitos políticos.
- Tratar o povo brasileiro com desprezo e violência já era uma tradição das elites governantes brasileiras e seus mercenários estrangeiros, como ocorreu nas guerras da independência, quando Greenfel prendeu e queimou com cal virgem 300 pessoas em um porão do navio. Isso ocorreu no Pará, onde os cabanos esfarrapados lutaram contra as tropas inglesas. Vinganças e atrocidades reduziram em 5 anos, a população do Norte de 100 mil para 40 mil habitantes.
-  A história da escravidão é também a história das rebeliões de escravos. Revolta dos Males (1335) ocorreu na Bahia. Foi uma revolta de escravos muçulmanos.
- A CABANAGEM – provocou a morte de 30 mil pessoas. Começou associando fazendeiros e comerciantes do Pará, inconformados com a nomeação de um presidente provincial indesejável e a população miserável, que vivia em cabanas (cabanos), desejosa de melhores condições de vida. Depois de chegar ao poder, a rebelião foi esmagada totalmente em 1840.
- A BALAIADA (1838-1841) foi um movimento de revolta da população do Maranhão que ganhou tal nome porque um dos seus líderes era Manuel Balaio, fabricante de balaios, assim como muitos artesãos que o seguiram. A eles se juntaram vaqueiros e escravos.
- A SABINADA cujo nome deriva de Francisco Sabino, seu principal líder, envolveu fazendeiros e militares descontentes. Defendiam uma República Bahiense, a separação da província até a maioridade de Dom Pedro e a convocação de uma Assembléia Constituinte.  Tinha como meta principal a industrialização do país.
- Revolução Farroupilha no RS eram contra os impostos excessivos pagos ao governo imperial e as dificuldades dos produtores de charque e couro, que pagavam impostos e não eram protegidos da concorrência platina. Caxias anistiou os farroupilhas através da incorporação dos oficiais revoltosos ao Exército Nacional; devolução das propriedades ocupadas ou confiscadas durante a guerra; libertação dos escravos que haviam participado da rebelião.
- A criação da Guarda Nacional, em 1831, durante o governo regencial, teve como um dos seus objetivos reprimirem as agitações e amotinações que perturbavam a nação, mantendo a ordem existente. Era a principal força armada terrestre. Só homens ricos é que faziam parte dela. Ela aumentava o poder local dos fazendeiros: eles é que iriam controlar a Justiça nos municípios onde viviam.
- O Clube da Maioridade foi fundado pelos liberais e queriam antecipar a coroação de D. Pedro II, ainda menor de idade. Acabou conseguindo (golpe da maioridade) ao coroá-lo aos 15 anos.
- Não havia diferença entre liberais e conservadores no tempo do Império. Nada mais parecido com um conservador do que um liberal no poder. A alternância no poder era constante. As eleições não representavam a vontade do povo, mas sim dos grandes proprietários rurais, que dominavam as províncias. Um exemplo da ação dos partidos foram as chamadas eleições do cacete, em que os liberais, no poder, contrataram arruaceiros para assaltar as mesas eleitorais a cacetadas. Os conservadores usavam as mesmas práticas.
- O Café se expandiu no Vale do Paraíba e noroeste paulista. Contribuiu para isso: a decadência das lavouras tradicionais: cana-de-açúcar, algodão e fumo, ante a concorrência estrangeira; da decadência do ouro; a proibição ao tráfico, que elevou o preço do escravo; a independência dos Estados Unido, grandes consumidores. Assim, o café transformou-se no “produto rei” da exportação brasileira na 2ª metade do século XIX.
- As elites brasileiras lutaram para manter a sociedade baseada na grande propriedade da terra, no trabalho escravo, na quase total ausência de direitos de cidadania para a maioria dos brasileiros. Para isso, eles alteraram a forma de governo e implantaram uma monarquia parlamentar. Foi um “parlamento às avessas” porque existia o Poder Moderador que estava acima do Parlamento (deputados e senadores). Portanto, o imperador do Brasil tinha muitos poderes. Era ele que demitia e nomeava o primeiro-ministro.
- O Partido Conservador e o Liberal representavam a aristocracia rural (os grandes proprietários de terra e de escravos) do 2º império. Em principio, os liberais eram um pouco  mais a favor da autonomia das províncias.
- Revolução Praieira (1848) ocorreu em Pernambuco e deveu seu nome à Rua da Praia, no Recife, onde funcionava o jornal Diário Novo. Os praieiros, já revoltosos com o domínio político das famílias oligárquicas e com o controle do comércio pelos portugueses, lançaram-se a rebelião quando o governo central nomeou para a presidência da província um conservador de Minas Gerais.  Lutavam pelos ideais liberais (voto universal, liberdade de imprensa, extinção do poder Moderador) e nacionalistas ( reserva de comércio aos cidadãos brasileiros, afastando os estrangeiros portugueses). Os revoltosos queriam que o governo criasse oficinas para dar trabalhos aos desempregados. As reivindicações questionavam as diferenciações os privilégios no país, em geral, e em Pernambuco, m particular. A repressão foi brutal. Prisões, torturas e execuções